Burnout? Queima sobretudo quem se deixa incendiar!!
A semana acabou de começar e já está completamente esgotado/a? A sua lista tarefas parece nunca ter fim e continua a aceitar mais, e mais coisas para fazer, sempre com a sensação de que tempo não é suficiente? Talvez tenha assumido tanta responsabilidade que lhe parece que a única saída é continuar a trabalhar mesmo sentindo-se exausto/a.
Pode ter havido uma altura, no passado, em que a pressão o/a motivava, mas hoje é sobretudo debilitante.
Com tantos compromissos, mal consegue “respirar”. Continua a dizer a si mesmo/a “quando eu terminar isto, vou sentir-me melhor”, mas na verdade o alívio nunca chega. Mesmo quando tira um fim-de-semana de 3 dias, ao regressar ao trabalho sente-se ainda mais esgotado/a.
Sente que muito da sua identidade está ligada ao trabalho e à pressão para ser produtivo/a.
Não reserva tempo para a família ou amigos, não prioriza atividades de lazer pessoal e não consegue lembrar-se da última vez sentiu prazer nas coisas que antes o/a gratificavam. Estes são alguns sinais clássicos de burnout.
O que é burnout?
Burnout, “queimar até à exaustão”, é um termo proveniente do inglês utilizado para descrever uma síndrome psicológica multifatorial, definida como uma resposta prolongada no tempo a stressores interpessoais num determinado contexto (muitas vezes o trabalho).
Apesar de em certa medida o stress, em baixos níveis, poder ser benéfico servindo de propulsor para um bom desempenho, níveis de stress elevados ou mesmo extremos têm efeitos negativos a nível psico-social.
O burnout é composto por três dimensões chave: exaustão emocional extrema, elevada despersonalização e uma baixa realização.
Por exaustão emocional entende-se o esgotamento dos recursos emocionais, morais e psicológicos da pessoa.
A despersonalização traduz uma distanciação afetiva ou indiferença emocional em relação aos outros, nomeadamente àqueles que são a razão de ser da atividade no contexto da qual ocorre o burnout, que coincide muitas vezes com o contexto profissional (pacientes, clientes, alunos, etc.).
A baixa realização pessoal exprime uma diminuição dos sentimentos de competência e de prazer associados ao desempenho.
Qualquer pessoa pode ficar exausta. O que é tão penoso no burnout é que atinge sobretudo pessoas que estão altamente empenhadas no seu trabalho: não é possível queimar, quem não se deixa incendiar! Pessoas que têm uma visão mais cínica do trabalho, não tendem a envolver-se tanto e a ficar tão profundamente desiludidas e por isso não entram em burnout. Mas é claro que ter um trabalho de que não se gosta e sobretudo onde se sente que não se tem autonomia, também pode conduzir ao burnout.
Sinais de que pode estar a entrar em burnout
O burnout é um processo que começa com um excessivo e prolongado nível de tensão ou “stress” que produz fadiga no trabalho, um sentimento de exaustão e irritabilidade.
Depois é comum que os sintomas evoluam para:
1 Falta de apetite, cansaço, insónia, dor cervical, úlceras.
2 Irritabilidade ocasional ou instantânea, gritos, ansiedade, depressão, frustração, respostas rígidas e inflexíveis
3 Alterações ao nível da conduta: utilização recorrente de expressões de hostilidade ou de irritabilidade, incapacidade de concentração no trabalho, relações cada vez mais conflituosas com os colegas, chegar tarde ao trabalho ou sair mais cedo, estar com frequência, fora da área de trabalho e fazer longas pausas de descanso
4 Aumento do absentismo, apatia face à organização, isolamento, empobrecimento da qualidade do trabalho, atitude cínica e fadiga emocional, aumento do consumo de café, álcool, barbitúricos e cigarros.
Consequências do Burnout
Claramente, as consequências do burnout podem ser severas.
A sua produtividade pode cair drasticamente, e isso não afeta só a sua carreira, como também afeta negativamente a sua equipa e organização. A sua criatividade também será afetada, por isso é menos provável que detete oportunidades (ou até que tenha interesse ou desejo de agir sobre elas), e poderá encontrar desculpas para faltar ao trabalho ou tirar dias de folga.
O burnout no trabalho também pode transbordar para a sua vida pessoal, afetando negativamente o seu bem-estar e as suas relações com amigos e familiares.
Como evitar o burnout?
Quando os sentimentos de burnout começam a ocorrer, muitas pessoas focam-se em soluções de curto prazo, como tirar férias. Embora isto possa ajudar, o alívio é muitas vezes apenas temporário. É preciso focar-se em estratégias que tenham um impacto mais profundo e criem mudanças duradouras.
Vejamos estratégias específicas que pode usar para evitar o burnout:
1 Olhe para o impacto mais profundo do que faz todos os dias; Responda a questões sobre: como é que o seu trabalho torna a vida melhor para as outras pessoas? Como pode dar mais significado ao que faz todos os dias?
2 Tente perceber o que se espera de si, e aquilo que não é da sua responsabilidade, de forma a poder eliminar ou delegar tarefas que não são essenciais.
3 Se acha que a sua chefia está a atribuir mais trabalho do que aquele com que pode lidar, então marque uma reunião para discutir o assunto. Vá preparado/a com algumas opções que poderiam ser consideradas para transferir certas tarefas ou projetos para outra pessoa.
4 Também pode facilitar a vida aprender a gerir prioridades contraditórias e lidar com exigências pouco razoáveis.
5 “Uma maneira rápida e fácil de acrescentar significado à sua carreira é dar aos outros, ou ajudá-los com pequenos gestos.
6 Encontre formas de criar mais autonomia na sua função. Tente falar com a sua chefia de forma que possa ter mais controlo sobre as suas tarefas, projetos ou prazos. Aprenda a priorizar tarefas e associe-as aos seus objetivos pessoais diários, semanais, mensais e anualmente.
7 O exercício físico regular pode ajudar a aliviar o stress e criar uma sensação de bem-estar. Também sentirá um aumento de energia e produtividade quando se exercita regularmente. Além disso, o exercício regular vai ajudá-lo a ter uma boa noite de sono.
8 O stress de curto prazo mal gerido pode contribuir para o burnout. É por isso que deve aprender a gerir o stress de forma eficaz. Existem várias estratégias que pode usar para lidar com o stress. Por exemplo, pode manter um diário de stress para documentar o que lhe causa stress habitualmente de forma a evitar essas situações. Praticar respiração profunda, meditação e outras técnicas de relaxamento. Monitorizar os seus pensamentos, de forma a evitar reações inúteis e gerir as suas emoções.
Pode quebrar o ciclo do burnout e não precisa fazer isso sozinho. A psicoterapia pode ajudar a refletir sobre as causas, ajudar a identificar e apoiar naquilo que precisa ser mudado, ajudar a traçar um novo caminho, ajudar a criar e implementar estratégias de autocuidado.