Melhore a sua saúde mental, cultivando a incerteza!
Ficamos ou não mais tristes com a chegada das estações mais frias?
Depende!
Para algumas pessoas a mudança das estações não tem qualquer impacto no seu humor.
Outras vêm com entusiasmo a chegada do Outono, quer porque representa o retomar das rotinas, após os dias sem regras do verão, quer porque apreciam os tons acobreados que contornam as alamedas e os jardins, os dias um pouco mais frios a pedir o aconchego de um casaco e, até, a chuva que convida a fins de semana em casa na companhia de um livro e um chá quente debaixo de uma manta – alguns começam mesmo a antecipar alguma excitação associada aos festejos de Natal.
Outros angustiam-se precisamente com tudo isto: o fim das férias de verão, os dias mais curtos e mais frios, a queda das folhas que em breve deixará as árvores despedidas e cinzentas, a mudança da hora…
Se para uns a mudança é vista com entusiasmo e expetativa, outros sentem ansiedade pelo que daí poderá advir.
A mudança, o fim de uma coisa e o inico de outra, é algo que pode ter subjacente ansiedade, pois acarreta incerteza. Alguns de nós, mais do que outros, sofrem com uma enorme intolerância à incerteza, que é um fator de risco para uma pior saúde mental.
Mas não há nada mais certo do que a incerteza! Faz parte da experiência humana.
Se sente que a chegada do Outono o afeta, de forma negativa, e que isso tem algo a ver com uma certa angústia com a mudança, uma forma de criar tolerância à incerteza é inclinar-se para ela — cultive a incerteza em vez de fugir dela!
Como é que isso se faz? Abdicando das rotinas que o fazem sentir em controlo: vá passear, sem mapas (de papel ou eletrónicos) para partes da cidade que nunca visitou, vá para um sítio escuro observar as estrelas, vá dar uma volta num dia em pode chover, vá ver um filme sem saber nada sobre ele, saia de casa sem um destino definido e sem horas para voltar.
Se calhar vai perder-se, ou encharcar-se, ou vai ser incapaz de ver estrelas e detestar o filme. Pode sentir-se desconfortável ou como se estivesse a perder tempo. Mas são esses pequenos momentos de incerteza, que vão construir a sua resiliência, de acordo com a psicóloga Jelena Kecmanovic.
Não confundir o que até aqui foi dito, com situações mais graves. Para uma parte das pessoas, a chegada do Outono não representa apenas um desconforto…ficam lentificadas, têm dificuldade em acordar de manhã, não conseguem adormecer à noite, sentem os seus níveis de energia diminuir e são acometidos por uma enorme sensação de fadiga. Têm dificuldade em pensar e concentrar-se, sentem-se tristes e por vezes mesmo desesperados. Esta vivência é designada por Perturbação Depressiva Não Especificada de Padrão Sazonal (DSM5) Nestes casos as pessoas experienciam sintomas muito idênticos aos de uma perturbação depressiva major recorrente, sendo que há uma relação temporal regular entre o início dos episódios e uma determinada altura do ano (normalmente o outono ou o inverno)
Se sente que neste Outono está a ser mais difícil lidar com a mudança, marque uma consulta!