Uma emoção por dia, nem sabe o bem que lhe fazia!
Quantas vezes já deu por si a pensar que gostaria de poder livrar-se das emoções, sobretudo as desagradáveis? – embora também há quem não adore emoções fortes, mesmo que sejam agradáveis.
Isso seria uma péssima ideia!
Porquê?
Porque as emoções ajudam-nos a identificar o que é importante. Dizem-nos o que necessitamos e, portanto, indicam o caminho para satisfazer as nossas necessidades.
São as emoções que nos permitem relacionarmo-nos e dar resposta às expetativas e exigências da vida. Em última análise as emoções ajudam-nos a sobreviver, dando-nos uma forma eficiente e automática de responder rapidamente a situações emergentes. Esta é uma das razões por que há mais emoções desagradáveis que agradáveis. São as emoções desagradáveis que nos ajudam a sobreviver (sem MEDO, não nos saberíamos proteger do perigo, sem ZANGA, não saberíamos colocar limites, etc).
O que nos causa problemas não são as emoções em si, mas a forma como lidamos com elas, sendo que é verdade que por vezes as emoções são bastante confusas. Nem sempre nos dão a informação exata sobre o que se está a passar.
Podemos classificar as emoções em adaptativas e desadaptativas. As primeiras são as mais funcionais, as mais ajustadas à situação e as que nos ajudam processar a realidade. Estamos a falar de emoções como a zanga que nos ajuda a pôr limites numa situação em que sentimos que os nossos limites estão a ser transpostos, ou em que necessitamos de nos defender, ou do medo que nos protege do perigo.
As segundas, as desadaptativas, são as que nos complicam a vida, porque ao não refletirem exatamente o que se passa, não nos permitem lidar com as situações de forma satisfatória – as nossas reais necessidades ficam por satisfazer. É o que acontece quando fingimos emoções, para obter o que queremos, ou controlar os outros [emoções instrumentais], ou quando encobrimos as verdadeiras emoções, com outras emoções [emoções secundárias]. Um bom exemplo de emoções secundárias, e das suas consequências, é o que acontece se nos mostramos zangados, quando na realidade estamos tristes e em vez de obtermos o apoio de que necessitamos para a tristeza (compaixão e conforto ou um pedido de desculpa), afastamos as pessoas.
Por fim, por vezes, as nossas emoções são reações inúteis a determinadas situações, estando relacionadas com experiências passadas, e, portanto, acabam por não ajudar a lidar de forma construtiva com a realidade presente [emoções primárias desadaptativas]. Um exemplo disso é o que acontece quando tem raiva sempre que alguém procura ser afetuoso consigo, porque em criança foi abusado sexualmente.
Sentir-se-á e funcionará melhor se estiver consciente das suas emoções e se transformar as emoções desadaptativas em adaptativas (as que são realmente úteis, mesmo que sejam desagradáveis). A transformação é possível quando se dá sentido às emoções, o que acontece através de experiências potencialmente reparadoras, no contexto de uma relação empaticamente sintonizada, facilitadora da identificação, expressão, regulação, significação e transformação – a psicoterapia (Terapia Focada nas Emoções).